sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

[RESENHA] Dexter: A Mão Esquerda de Deus, de Jeff Lindsay






Título: Dexter: A Mão Esquerda de Deus
Autor: Jeff Lindsay
Série: Dexter
Volume: 1
Editora: Planeta
Ano: 2008
Páginas: 272
ISBN:  9788576653455
Sinopse: Dexter Morgan é um educado lobo vestido em pele de ovelha. Ele é atraente e charmoso, mas algo em seu passado fez com que se transformasse numa pessoa diferente. Dexter é um serial killer. Na verdade, é um assassino incomum que extermina apenas aqueles que merecem. Ao mesmo tempo, trabalha como perito da polícia de Miami... Em Dexter, a Mão Esquerda de Deus, o livro que deu origem à aclamada série de TV, o adorável matador depara-se com um concorrente de estilo semelhante ao seu, encanta-se e incomoda-se com ele, prevê seus passos... A escrita requintada de Jeff Lindsay nos faz mergulhar na mente de um dos personagens mais ambíguos da história da literatura de suspense. Nunca o macabro foi tratado com tanto refinamento e leveza. Dexter Morgan é uma obra-prima.

A resenha de hoje fala sobre um livro que eu vinha desejando ler há muito tempo, mas que não tinha tido a oportunidade de fazê-lo. Dexter: A Mão Esquerda de Deus, o primeiro da série de livros sobre o psicopata Dexter, de Jeff Lindsay. Obviamente, antes de saber da existência dos livros, eu já conhecia a série, e até tinha assistido a alguns (bem poucos) episódios quando ela fio exibida na Rede TV, mas eu nunca conseguira acompanha-la de fato. Mas agora que estou de férias e aproveitando essa minha fase policial, eu me rendi a esse antigo desejo.


Nesse livro, somos apresentados a Dexter, um perito da polícia de Miami especialista em borrifos de sangue, aparentemente normal, simpático, charmoso e boa pinta, e que nas horas vagas pratica um hobby muito peculiar: ele deixa sua personalidade assassina, que ele chama Passageiro das Trevas, assumir o controle de seus atos e caçar serial killers que saíram impunes a justiça, e os mata fria e calculadamente. Para não ser pego, ele segue os ensinamentos de seu pai adotivo, Harry Morgan, onde as principais regras são: parecer um humano normal e só matar aqueles que merecem morrer. E assim tem feito o nosso “psicopata justiceiro”. Mas quando surge um assassino de prostitutas que faz um trabalho muito parecido com o seu, Dexter se vê numa situação totalmente nova. Ele fica dividido entre a admiração que sente pelo seu “colega” e vontade de ajudar sua irmã adotiva, Deborah Morgan, a resolver o caso, levar o assassino a justiça, e assim conseguir ser respeitada pelos policiais e ser promovida a detetive de homicídios.

"Era lindo, num sentido horrível, é claro. Mesmo assim, o arranjo era perfeito, interessante, lindamente exangue. Mostrava bastante sagacidade e um grande senso de composição. Alguém tinha tido muita dificuldade para transformar aquilo numa verdadeira obra de arte."

Não irei relacionar, nesta resenha, o livro e a série de TV, pois os episódios que assisti foram poucos e não vejo razão em fazer isso, quando o foco da aqui é no livro.

Quando comecei a ler, de imediato fui envolvida pela escrita rápida e direta do Jeff Lindsay. Primeiro, a narrativa é feita em primeira pessoa pelo próprio Dexter, o que nos faz embarcar fundo na sua mente, principalmente nos momentos de reflexão, onde somos levados a tentar decifra-lo junto com ele mesmo. Todo esse caráter reflexivo, faz com que o texto seja mais narrativo, voltado no próprio personagem, do que dialogado. Segundo, mesmo sendo mais direcionada a mente dele, a narrativa é bem fluida com frases objetivas, que em muito se assemelham com a personalidade calculista do próprio psicopata.

"O que qualquer um de nós pode fazer? Indefesos como somos, nas garras das nossas próprias vozezinhas, o que podemos fazer?"

Além desses pontos, outra coisa que se destaca na escrita desse autor é a linguagem irônica e sarcástica encontrada, principalmente, no humor negro do personagem, mas que também o transcende, levando o leitor a questionar o Dexter e suas convicções, à medida que o vai conhecendo mais. E é obvio, que isso também é responsável por aliviar a atmosfera sombria do personagem, tornando-o carismático, mesmo quando é frio e cruel.

"O que era o sono, afinal, senão o processo no qual jogamos nossa insanidade num buraco escuro do inconsciente e saímos do outro lado prontos para comer sucrilhos em vez dos filhos dos vizinhos."

Falando nisso, tenho que admitir que o Harry ficaria orgulhoso em saber que o seu pequeno “monstrinho” soube muito bem se disfarçar e parecer um humano normal para os outros. Pois mesmo com você, leitor, sabendo da personalidade oculta e perversa que se esconde por trás daquele sorriso charmoso, ou cogitando a possibilidade da vilania dele na história, é impossível não se afeiçoar ao Dexter. Ele é cativante do início ao fim. Ele é engraçado, têm sempre uma observação irônica e sarcástica, mesmo nos piores momentos. E por mais que ele insista em dizer que é incapaz de ter sentimentos humanos, você acaba identificando momentos em que essa afirmação se mostra inverossímil.

"Tenho certeza de que a maioria das pessoas finge bastante no convívio diário com os outros. Eu apenas finjo completamente. Finjo muito bem e jamais sinto nada."

Infelizmente, achei que o autor não soube trabalhar muito bem os personagens secundários. Achei que eles ficaram muito em segundo plano. Até mesmo a Deborah e a LaGuerta, me pareceram pouco exploradas, embora tenham aparecido diversas vezes e tido grande relevância nos acontecimentos do livro. Faltou trata-las mais como personagens do que como meras peças do enredo. Sem contar que os demais personagens não passam de citações corriqueiras, com poucas falas e significância praticamente nula.

No mais, isso é tudo que eu tenho para dizer da minha leitura. Foi muito boa, mas não foi do tipo arrebatadora. Não chegou a abalar minhas estruturas, mas ainda assim terminei satisfeita. Espero que os próximos livros sejam ainda melhores. E deixo um recado a você. Tendo ou não assistido a série, corra para ler Dexter, pois vale pena, principalmente se você é chegada nesses romances investigativos.

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