domingo, 7 de dezembro de 2014

[RESENHA] Convergente - Trilogia Divergente, de Veronica Roth







Título: Convergente
Autor: Veronica Roth
Série: Trilogia Divergente
Volume: 3
Editora: Rocco Jovens Leitores
Ano: 2014
Páginas: 526
ISBN: 9788579801860

Sinopse: Uma escolha irá te definir. E se todo o seu mundo fosse uma mentira? E se uma única revelação - assim como uma única escolha - mudasse tudo? E se o amor e a lealdade fizessem você fazer coisas que jamais esperaria? A conclusão explosiva para a trilogia Divergente, bestseller mais vendidos do New York Times, revela os segredos de um mundo distópico que cativou milhões de leitores em "Divergente" e "Insurgente"!


Faz muito tempo que escrevi essa resenha, mas só estou postando agora.

A trilogia Divergente é uma das minhas serie de livros preferidas, senão a preferida. Vocês já devem ter notado isso em algum momento. E como amante desses livros, quando comecei a leitura, senti aquele friozinho na barriga que um leitor só sente quando está chegando o fim de uma história que significou muito para si. Que mescla o receio, a nostalgia antecipada, o desejo de que aquilo nunca acabe. Tanto que leitura demorou mais do que a média de dois dias dos livros antecessores. Eu simplesmente não queria que acabasse. Mas acabou. E agora eu trago para o blog essa resenha com a minha visão sobre Convergente, que está bem dividida entre os pontos positivos e os negativos.

Depois do final surpreendente de Insurgente, que deixou o leitor ansioso por respostas, Convergente vem trazer o desfecho impactante da trilogia distópica que conquistou inúmeros fãs ao redor do mundo. E a desconstrução de todas as crenças dos moradores da Chicago futurística, criada por Veronica Roth. De fato, foi impactante, só não como eu esperava.

Depois de liberar para toda população da cidade a mensagem enigmática gravada por Edith Prior, uma possível antepassada sua, Tris é presa sob a acusação de traição junto com aqueles que a ajudaram no feito. Exceto Tobias, que passa a ser o braço direito de sua mãe e por isso é poupado de um julgamento. Com a ajuda do namorado, Tris consegue bolar um plano para livrar à si mesma, Cara e Christina de serem condenadas. Enquanto isso, Evelyn tenta obrigar a população da cidade a aderir a um novo estilo de vida, onde as facções não existem mais e a simples objeção a essa escolha é retaliada energicamente. Com esse regime ditatorial e a revelação de Edith Prior, surge um grupo de rebeldes, intitulados Leais, que visam convergir aos princípios fundamentais da cidade por meio da restauração das facções e da missão Divergente. Não demora para que esse grupo vá atrás da ajuda de Tris, Tobias e os seus amigos, que são enviados para fora da cerca para descobrir o que existe lá, enquanto um outro grupo se prepara para tomar a cidade das mão de Evelyn. E é além da cerca que a história de Convergente se desenrola, trazendo à tona revelações que vão mudar para sempre a vida desses personagens e o mundo a sua volta.

"Desde que eu era criança, sempre soube disto: a vida nos danifica, a todos nós. Não há como escapar desse dano. Mas agora também estou aprendendo isto: podemos ser consertados. Consertamos uns aos outros."

Convergente faz jus ao adjetivo “explosivo” empregado em sua sinopse. Ele é cheio de reviravoltas e revelações que mudam todo o rumo da história e desconstroem todo o mundo mostrado nos livros anteriores. Um pequeno spoiler impossível de não ser dito: é descoberto que toda a história que foi passada de geração a geração para os habitantes de Chicago é uma mentira. E a verdade que eles encontram lá fora está longe de ser perfeita e menos desumana, do que a realidade que eles vêm enfrentando dentro da cerca com as últimas revoluções. Todas essas revelações acabam descontruindo toda a trajetória já conhecida. O fato de ter pouco tempo para se acostumar com todas as mudanças – de cenário, de crenças, de vilões, de foco – tornou o livro um pouco confuso e difícil de assimilar de primeira. Até mesmo a explicação sobre os divergentes parece ser difícil de digerir da forma que é proposta. Mas com o tempo,

Talvez a Veronica tenha posto informações novas demais para um livro só, sem balancear com a continuidade da história. Um exemplo disso é o fato dos acontecimentos terem sido centrados no exterior da cerca, com pequenos flashes sobre a cidade, que foi deixada de lado até o final, quando sofre uma resolução fraca e com jeito de improviso. O que é uma pena, pois a história que ela criou para o livro não foi ruim, só não foi bem trabalhada. 

"Existem tantas maneiras de ser corajoso neste mundo. Às vezes, coragem significa abrir mão da sua vida por algo maior do que você ou por outra pessoa. Às vezes, significa abrir mão de tudo o que você conhece, ou de todos os que você jamais amou, por algo maior. Mas às vezes, não. Às vezes, significa apenas encarar a sua dor e o trabalho àrduo do dia a dia e caminhar devagar em direção a uma vida melhor."

Outra coisa que não posso deixar de criticar, com muito pesar, foi a forma como ela desenvolveu os pontos de vistas de Tris e Tobias. Tudo bem que ela tinha um motivo para encaixar a perspectiva dele, mas faltou um diferencial entre eles. Haviam momentos em era preciso voltar para o começo do capítulo para saber se era o Tobias ou a Tris quem estava narrando.

Por falar no casal...

Tris e Tobias não são, nem de longe, o casal mais convencional dos livros. E isso se mantém Convergente. Eles nunca viveram num mar de rosas. As constantes colisões são características que não me lembro de ter visto em outros casais literários. A falta de confiança e companheirismo de Tobias, mais uma vez, faz com que ele meta os pés pelas mãos e cometa um erro que põe o casal em uma das piores crises que já vi nos livros YA que li. O que os separa por um bom pedaço do livro. E sinceramente, eu torci para que Tris desse um gelo bem maior do que ela deu nele. O cara foi estupido, imaturo e inconsequente. Não morro de amores por Tobias desde Insurgente, mas em Convergente minha antipatia atingiu um nível irreversível.

"Todo mundo tem algum mal dentro deles, e o primeiro passo para amar alguém é reconhecer o mesmo mal em nós mesmos, assim seremos capazes de perdoá-lo."

Felizmente, eu continuei satisfeita com a personalidade da Tris (sim, eu nado na corrente inversa dos fãs da trilogia, e prefiro a Tris e não o Tobias). A personagem foi uma das poucas coisas no livro que não caiu em contradição. Seguiu firme e forte na sua evolução e nos seus propósitos e teve um final, que mesmo podendo ter sido outro, segundo a minha vontade, foi condizente com a personagem que eu conheci.

Eu poderia escrever muitas coisas sobre o livro, mas sei que se continuar, provavelmente convencerei o leitor que não leia esse livro. E eu não quero isso. Foi decepcionante? Foi. Por isso disse no começo que ele me impactou de um modo diferente do que eu esperava. Mas teve alguma coisa nele, que me fez acha-lo bom no primeiro momento. Vale a pena que você leia e tire suas conclusões. Afinal, estamos falando de Divergente, seria um pecado ignorar a trilogia, por causa do final. Acho que quanto menos expectativas você nutrir sobre o livro, melhor será a leitura. 

"Imagino que uma chama que uma chama queime com tanta intensidade não seja feita para durar."

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