sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Resenha - Cidade do Fogo Celestial, de Cassandra Clare

Ano: 2014
Autora: Cassandra Clare
Série: Os Intrumentos Mortais
Editora: Galera Record
Gênero: Ficção estrangeira
Páginas: 532
ISBN: 9788501092731
Sinopse: ERCHOMAI, Sebastian disse. Estou chegando. Escuridão retorna ao mundo dos Caçadores de Sombras. Enquanto seu povo se estilhaça, Clary, Jace, Simon e seus amigos devem se unir para lutar com o pior Nephilim que eles já encararam: o próprio irmão de Clary. Ninguém no mundo pode detê-lo — deve a jornada deles para outro mundo ser a resposta? Vidas serão perdidas, amor será sacrificado, e o mundo mudará no sexto e último capítulo da saga Os Instrumentos Mortais.


Depois de um bom tempo de espera, no mês passado chegou ao Brasil a conclusão de uma das sagas mais queridas pelo público. Cidade do Fogo Celestial encerra o ciclo de Instrumentos Mortais com muita tensão, emoção e sacrifícios. Um final de tirar o fôlego que só reafirma todo o talento de Cassandra Clare e a sua capacidade de não decepcionar seus leitores.


Depois de criar um exército de caçadores de sombras malignos, conhecidos como Crepusculares, Sebastian começa a atacar Institutos ao redor do mundo para recrutar mais guerreiros com a ajuda do Cálice Infernal, e assim destruir o mundo.  Depois da primeira onda de ataques, a comunidade de caçadores de sombras se refugia em Idris, enquanto tentam encontrar uma solução para derrota-lo. Mas enquanto eles estão perdidos, sem saber o que fazer, o filho de Valentim arma um plano para colocar os membros do submundo contra os caçadores, aumentando ainda mais a tensão pré-guerra, além de não medir esforços para trazer Clary para o seu lado, por livre e espontânea vontade ou não. Para deter Sebastian, Jace e Clary, junto com seus amigos, embarcam numa jornada perigosa e praticamente suicida, deixando Idris para trás. Eles sabem que o fogo celestial que queima nas veias de Jace é a única esperança de deter o vilão e salvar a todos que amam.

Desde que eu terminei Cidade das Almas Perdidas, minhas expectativas para esse livro eram grandes. Isso aumentou ainda mais depois que eu li a outra trilogia da Cassandra, onde ela deu um desfecho excelente que me fez recuperar a esperança de que boas series podem ter bons desfechos (é que me decepcionei na maioria dos casos). A grande maioria concorda que a escrita da autora é muito boa, com descrições impecáveis, uma narrativa bem construída tanto nos momentos de tensão, quanto nos momentos mais mornos da história, além do humor inconfundível de seus personagens. E neste livro, todas essas qualidades não só coexistiam harmonicamente no mesmo ambiente carregado da história, como elevaram o nível do mesmo, tornando-o envolvente e quase impossível de ser largado por um momento que fosse.

Muitos autores, quando vão concluir suas séries, parecem ficar um tanto perdidos sobre o que fazer com os personagens e como fechar a história e acabam exagerando em alguns pontos. Isso pode tornar alguns enredos confusos e incompletos, o que faz com que nem sempre seja satisfatório para o leitor. Mas a Cassandra consegue manter linearidade da história, sem perder a mão. E embora a solução para o principal conflito não tenha sido a mais ousada e totalmente inesperada, é sólida e condizente com os fatos de toda a trama, fazendo que seja ótimo. E a forma como ela corta as cenas, mudando os focos e ambientes nos momentos de clímax de um acontecimento é perfeita.  

Foi muito interessante que personagens mais secundários serem mais bem explorados. Em vários níveis, eles foram importantes, seja para mostrar o que acontecia nos lugares onde os principais não estavam, seja em momentos triviais para a história. Podemos destacar Maia, Raphael, a consulesa Jia Penhalow, e claro, a pequena Emma Castairs.

Outra coisa legal do livro, foi o destaque que ela deu para Emma e os Blackthorns, os futuros protagonistas da próxima trilogia da Cassandra sobre o mundo dos caçadores de sombras. O livro já começa com o ponto de vista da pequena Emma, que tem doze anos e se vê no meio da guerra quando o Instituto de Los Angeles, onde ela passa uma maior parte do tempo, é alvo de um dos ataques de Sebastian. Junto com o melhor amigo, Julian Blackthorn, ela foge para Idris. A partir daí ela passa ser o principal olhar do leitor para o que acontece na capital dos caçadores, principalmente depois que Clary & cia partem da cidade. Dessa forma a autora, enquanto conclui um serie, já introduz sutilmente os futuros personagens e prováveis conflitos. Não deixa de ser uma jogada para já garantir os leitores de The Dark Artifices(TDA), mas isso não atrapalha em nada Os Instrumentos Mortais.

Em contrapartida, ela não só introduz ao futuro do mundo das sombras, mas também retorna ao passado, encaixando elementos e personagens da trilogia Peças Infernais (PI), que se passa num período bem anterior à serie atual. Não vou dizer que você tem que ler obrigatoriamente PI, mas é verdade que alguns pequenos acontecimentos só serão bem compreendidos, se você já leu. Se você leu a outra serie, a reincidência de personagens e algumas relações entre as duas séries se torna um aperitivo a mais para o leitor. Caso contrário, embora não interfira no enredo, pode ser que você fique se perguntando o porquê de certas passagens, ou não entenda certas “piadas” internas.

E por fim, sobre os personagens, não há o que reclamar deles. No geral, é aquilo que a gente já vem acompanhando nos outros livros, mas á algumas mudanças bem positivas neles. Alec continua inseguro, correndo atrás do perdão atrás do perdão de Magnus, mas também é bem evidente certo amadurecimento dele. Além do crescimento, mas que necessário da relação parabatai dele com Jace. Teve muitos momentos legais de companheirismo e fraternidade entre eles. O que eu adorei. Faltou um pouquinho mais de Magnus, que só brilhou no final livro, mas eu perdoo. Simon e Izzy continuam naquele relacionamento indeciso deles, mas ao mesmo tempo, cheio de momentos lindos e engraçados e fofos e, claro, emocionantes. Agora o que eu realmente gostei, foi que a Cassandra recuperou a minha simpatia por Jace e Clary. Os personagens mostraram porque são um casal perfeito. Há sintonia e cumplicidade entre eles. O romance perde um pouquinho da melosidade exagerada dos últimos livros, para ganhar uma maturidade bem legal. Eles mostram que não são apenas “um casal cheio de amor que supera tudo”, mas uma excelente dupla de guerreiros que sabem muito bem o que é preciso fazer. Um casal que não fica desesperado para proteger o outro acima de qualquer coisa e que sabe confiar em si e no outro. Ponto para a autora! E claro que não poderia faltar, Sebastian. O vilão nunca foi um dos meus preferidos, mas eu preciso admitir que ele é louco. E capaz de tudo para conseguir o que quer: que a irmã seja a sua rainha, seja na terra ou no inferno.


Para concluir essa resenha eu me rendo a emoção e digo apenas que leia sem medo. O livro é ótimo e o desfecho emocionante. Para quem é fã, então... prepearem os lenços, que no final corações vão parar com o que a autora aprontou para um dos personagens. Essa gordinha é divina, mas tem sua dose de crueldade. A série acabou e vai deixar saudade, mas ainda bem que  a Cassandra Clare não vai parar de nos presentear com esse mundo cheio de seres encantadores, vilões cheios de vingança e sede de poder causando confusão, e claro muitos romances e histórias de tirar o fôlego. Que venha The Dark Artifices em 2015. Estarei esperando com muitas saudades.  

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