Ano: 2014
Autora: Cassandra Clare
Série: Os Intrumentos Mortais
Editora: Galera Record
Gênero: Ficção estrangeira
Páginas: 532
ISBN: 9788501092731
Sinopse: ERCHOMAI, Sebastian disse. Estou chegando. Escuridão retorna ao mundo dos Caçadores de Sombras. Enquanto seu povo se estilhaça, Clary, Jace, Simon e seus amigos devem se unir para lutar com o pior Nephilim que eles já encararam: o próprio irmão de Clary. Ninguém no mundo pode detê-lo — deve a jornada deles para outro mundo ser a resposta? Vidas serão perdidas, amor será sacrificado, e o mundo mudará no sexto e último capítulo da saga Os Instrumentos Mortais.
Depois de um bom tempo de espera, no mês passado chegou ao Brasil a conclusão de uma das sagas mais queridas pelo público. Cidade do Fogo Celestial encerra o ciclo de Instrumentos Mortais com muita tensão, emoção e sacrifícios. Um final de tirar o fôlego que só reafirma todo o talento de Cassandra Clare e a sua capacidade de não decepcionar seus leitores.
Depois
de criar um exército de caçadores de sombras malignos, conhecidos como
Crepusculares, Sebastian começa a atacar Institutos ao redor do mundo para recrutar
mais guerreiros com a ajuda do Cálice Infernal, e assim destruir o mundo. Depois da primeira onda de ataques, a
comunidade de caçadores de sombras se refugia em Idris, enquanto tentam encontrar uma
solução para derrota-lo. Mas enquanto eles estão perdidos, sem saber o que
fazer, o filho de Valentim arma um plano para colocar os membros do submundo
contra os caçadores, aumentando ainda mais a tensão pré-guerra, além de não
medir esforços para trazer Clary para o seu lado, por livre e espontânea
vontade ou não. Para deter Sebastian, Jace e Clary, junto com seus amigos,
embarcam numa jornada perigosa e praticamente suicida, deixando Idris para
trás. Eles sabem que o fogo celestial que queima nas veias de Jace é a única
esperança de deter o vilão e salvar a todos que amam.
Desde
que eu terminei Cidade das Almas Perdidas, minhas expectativas para esse livro
eram grandes. Isso aumentou ainda mais depois que eu li a outra trilogia da
Cassandra, onde ela deu um desfecho excelente que me fez recuperar a esperança de que boas series podem ter bons desfechos (é que me decepcionei na maioria dos casos). A grande maioria concorda que a escrita da autora é muito boa, com descrições
impecáveis, uma narrativa bem construída tanto nos momentos de tensão, quanto
nos momentos mais mornos da história, além do humor inconfundível de seus
personagens. E neste livro, todas essas qualidades não só coexistiam
harmonicamente no mesmo ambiente carregado da história, como elevaram o nível
do mesmo, tornando-o envolvente e quase impossível de ser largado por um
momento que fosse.
Muitos
autores, quando vão concluir suas séries, parecem ficar um tanto perdidos sobre
o que fazer com os personagens e como fechar a história e acabam exagerando em
alguns pontos. Isso pode tornar alguns enredos confusos e incompletos, o que
faz com que nem sempre seja satisfatório para o leitor. Mas a Cassandra
consegue manter linearidade da história, sem perder a mão. E embora a solução
para o principal conflito não tenha sido a mais ousada e totalmente inesperada,
é sólida e condizente com os fatos de toda a trama, fazendo que seja ótimo. E a
forma como ela corta as cenas, mudando os focos e ambientes nos momentos de
clímax de um acontecimento é perfeita.
Foi
muito interessante que personagens mais secundários serem mais bem explorados. Em
vários níveis, eles foram importantes, seja para mostrar o que acontecia nos
lugares onde os principais não estavam, seja em momentos triviais para a
história. Podemos destacar Maia, Raphael, a consulesa Jia Penhalow, e claro, a
pequena Emma Castairs.
Outra
coisa legal do livro, foi o destaque que ela deu para Emma e os Blackthorns, os
futuros protagonistas da próxima trilogia da Cassandra sobre o mundo dos
caçadores de sombras. O livro já começa com o ponto de vista da pequena Emma,
que tem doze anos e se vê no meio da guerra quando o Instituto de Los
Angeles, onde ela passa uma maior parte do tempo, é alvo de um dos ataques de
Sebastian. Junto com o melhor amigo, Julian Blackthorn, ela foge para Idris. A
partir daí ela passa ser o principal olhar do leitor para o que acontece na
capital dos caçadores, principalmente depois que Clary & cia partem da
cidade. Dessa forma a autora, enquanto conclui um serie, já introduz sutilmente
os futuros personagens e prováveis conflitos. Não deixa de ser uma jogada para
já garantir os leitores de The Dark Artifices(TDA), mas isso não atrapalha em nada Os Instrumentos Mortais.
Em
contrapartida, ela não só introduz ao futuro do mundo das sombras, mas também
retorna ao passado, encaixando elementos e personagens da trilogia Peças
Infernais (PI), que se passa num período bem anterior à serie atual. Não vou
dizer que você tem que ler obrigatoriamente PI, mas é verdade que alguns
pequenos acontecimentos só serão bem compreendidos, se você já leu. Se você leu
a outra serie, a reincidência de personagens e algumas relações entre as duas
séries se torna um aperitivo a mais para o leitor. Caso contrário, embora não
interfira no enredo, pode ser que você fique se perguntando o porquê de
certas passagens, ou não entenda certas “piadas” internas.
E
por fim, sobre os personagens, não há o que reclamar deles. No geral, é aquilo
que a gente já vem acompanhando nos outros livros, mas á algumas mudanças bem
positivas neles. Alec continua inseguro, correndo atrás do perdão atrás do
perdão de Magnus, mas também é bem evidente certo amadurecimento dele. Além do
crescimento, mas que necessário da relação parabatai dele com Jace. Teve muitos
momentos legais de companheirismo e fraternidade entre eles. O que eu adorei.
Faltou um pouquinho mais de Magnus, que só brilhou no final livro, mas eu
perdoo. Simon e Izzy continuam naquele relacionamento indeciso deles, mas ao
mesmo tempo, cheio de momentos lindos e engraçados e fofos e, claro,
emocionantes. Agora o que eu realmente gostei, foi que a Cassandra recuperou a
minha simpatia por Jace e Clary. Os personagens mostraram porque são um casal
perfeito. Há sintonia e cumplicidade entre eles. O romance perde um pouquinho
da melosidade exagerada dos últimos livros, para ganhar uma maturidade bem
legal. Eles mostram que não são apenas “um casal cheio de amor que supera
tudo”, mas uma excelente dupla de guerreiros que sabem muito bem o que é
preciso fazer. Um casal que não fica desesperado para proteger o outro acima de
qualquer coisa e que sabe confiar em si e no outro. Ponto para a autora! E claro
que não poderia faltar, Sebastian. O vilão nunca foi um dos meus preferidos,
mas eu preciso admitir que ele é louco. E capaz de tudo para conseguir o que
quer: que a irmã seja a sua rainha, seja na terra ou no inferno.
Para
concluir essa resenha eu me rendo a emoção e digo apenas que leia sem medo. O
livro é ótimo e o desfecho emocionante. Para quem é fã, então... prepearem os
lenços, que no final corações vão parar com o que a autora aprontou para um dos
personagens. Essa gordinha é divina, mas tem sua dose de crueldade. A série
acabou e vai deixar saudade, mas ainda bem que
a Cassandra Clare não vai parar de nos presentear com esse mundo cheio
de seres encantadores, vilões cheios de vingança e sede de poder causando
confusão, e claro muitos romances e histórias de tirar o fôlego. Que venha The
Dark Artifices em 2015. Estarei esperando com muitas saudades.
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