A resenha de hoje vai falar sobre
um livro que eu vinha querendo ler a um tempinho, mas que só semana passada
pude fazer: Métrica, de Colleen Hoover.
O livro conta a história de
Layken e Will, ela com 18 anos, ele 21. Ambos já passaram por perdas dolorosas
e compartilham responsabilidades semelhantes por consequências delas. Ele cuida
do irmão mais novo, desde que seus pais morreram num acidente de carro, e
encontra vida na poesia. Layken perdeu o pai para um infarto e teve que se
mudar com a mãe e o irmão mais novo para uma nova cidade contra sua vontade.
Logo que chega a nova casa, conhece seu
vizinho Will, por quem ela se sente imediatamente atraída. Ele parece
correspondê-la do mesmo jeito e no mesmo final de semana eles saem para um
encontro, onde ele a leva a uma competição de slam – um tipo de poesia que
transmite os sentimentos e emoções do
autor através das palavras e da expressão performática ao recitá-lo – e ao se
despedirem no fim, eles se beijam. Lake
sente um sopro de vida depois de meses mergulhada na tristeza do luto e começa
a ver que não foi tão ruim a mudança, mas essa alegria dura pouco, pois no seu
primeiro dia de aula ela descobre algo que Will esqueceu de comentar com ela, e
que acaba pondo um ponto final num relacionamento que nem teve tempo de
começar. Além de ter que lutar contra o sentimento crescente em seu coração
pelo jovem poeta, Lake descobre que a mãe está lhe escondendo algo. Mal sabia
ela que a vida nunca deixa de pregar peças, e que a tragédia insiste em
acompanhar a ela e a sua família.
"Porque tudo isso, toda ínfima parte, tudo é passageiro. Nada é permanente. A única coisa que todos temos em comum é o inevitável: todos morreremos um dia."
Confesso que tive uma relação tumultuada
com esse livro e com os personagens. Como era de se esperar, não era um
relacionamento fácil e havia um pequeno impedimento que ganha uma maior
proporção por se tratar de uma ficção. Quando eu queria eles juntos, eles se
afastavam, quando eu achava que era melhor se afastarem, eles se aproximavam.
Estávamos sempre na corrente inversa. Mas isso é algo bem pessoal.
O livro é narrado pela personagem
de Layken, mas não deixa de dar um bom panorama do que está acontecendo com os
outros personagens. A gente vê tudo pela perspectiva dela, mas isso não faz que
a leitura foque apenas nos seus sentimentos e pensamentos, isso não ofusca os outros
personagens. Não é uma leitura cansativa, porque a personagem, mesmo sendo
clichê em alguns momentos, não deixa de ser simpática e até engraçada. Não tem
como não rir no momento em que ela recita seu primeiro slam, como uma mensagem
velada para Will, depois que eles têm um “desentendimento”. Pelo menos eu amei
essa parte. Falando em slam, eu esperava uma narrativa mais poética,
principalmente por causa do título e da sinopse, mas, mesmos com versos
espalhados pelo decorrer do livro e os trechos de músicas presentes no começo
de cada capítulo, achei a narrativa bem comum. Boa, mas comum.
"De acordo com o dicionário...
e de acordo comigo...
existem mais de trinta significados diferentes e de sinônimos para a palavra
malvado.
Mau, idiota, cruel, imbecil, indelicado, grosso, perverso, detestável, odioso, desalmado, virulento, implacável, tirânico, malevolente, atroz, desgraçado, bárbaro, amargo, brutal, insensível, maligno, estúpido, imoral, ruim, feroz, difícil, implacável, rancoroso, pernicioso, desumano, monstruoso, impiedoso, inexorável. E meu preferido - babaca."
Não posso deixar de falar do
Will. Ele beira a perfeição, sem ter aquele perfil bad boy que estamos
acostumados a encontrar em quase todos os livros! Ele é responsável e maduro,
cuida do irmão mais novo como um pai, é lindo e... FAZ POESIA! Tudo bem, que
ele acaba sendo um pouco chato quando ele fica evitando Lake a todo custo e se
mantêm firme e forte em se afastar, mesmo não tendo mais o tal impedimento. E o
pior de tudo, é que ele sempre está certo. Ok, ele é irritante, mas é perfeito!
Mas se engana quem pensa que o
livro é só sobre romance complicado. Ele fala sobre perdas, sobre
responsabilidades e sobre como lidamos com as tragédias da vida. E foi nesse
ponto que o livro realmente me conquistou. Através da história dos dois
personagens, e da reviravolta que acontece com a família de Lake no meio do
livro, o foco sai do romance e cai sobre outras questões, como lidar com a
morte e como fazer a vida valer a pena, mesmo quando ela parece tão injusta.
"Não levem a vida tão a sério. Deem um murro bem na cara dela quando ela estiver precisando de uma boa surra. Riam dela. E riam muito. Nunca passem um dia sem rir pelo menos uma vez. Nunca julguem os outros. Vocês dois sabem muito bem como acontecimentos inesperados podem mudar a pessoa que é. Sempre pensem nisso. Nunca se sabe o que a pessoa está passando em sua vida. Questionem tudo. Seu amor, sua religião, suas paixões. Se não questionarem, nunca vão obter respostas."
Enfim, eu gostei do livro, é
possível ler ele em um dia ou dois tranquilamente. E por ser diferente dos
outros NAs que encontramos por aí, sem encher as páginas com sexos e dilemas
voltados exclusivamente ao relacionamento dos protagonistas, Métrica é uma
história sobre amor, circunstâncias, perdas e aceitação que merece ser lida. Eu
dou 4 estrelas facilmente para ele.
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